terça-feira, 19 de abril de 2011

No palco, uma grande mesa arrumada para um chá e nela estão sentados o chapeleiro e a lebre de março. Eles tomam chá e riem compulsivamente.

– Não tem lugar, não tem lugar. – Gritaram ao ver Alice se aproximar.
– Pois eu vejo muitos lugares.  – Disse Alice com certa indignação e se sentando em uma grande poltrona na cabeceira da mesa.
– Não é muito educado de sua parte sentar sem ser convidada. – Disse revoltada a lebre de março.
– A me desculpe eu não sabia que a mesa lhe pertencia. – Disse Alice com certo tom de deboche. – Ela esta posta para muito mais que apenas duas pessoas.
– O seu cabelo esta precisando de um bom corte. – Disse o chapeleiro que desde a chegada de Alice não havia dito nenhuma palavra. – Ou quem sabe de um chapéu. Um grande chapéu, isso.
– Não é muito educado de sua parte fazer um comentário tão pessoal. – Disse Alice com severidade.

O chapeleiro e a lebre de março se entreolharam.

– Por que um corvo se parece com uma escrivaninha? – Perguntou o chapeleiro, soltando uma baixa risada.
(Alice se vira para o publico, e diz como se comentasse consigo mesma) – Ate que enfim terei um pouco de diversão.
– Acho que consigo responder essa. – Completou Alice se virando para o chapeleiro e a lebre de março.
– Consegue? – Questionou a lebre de março com certo ar de superioridade.– Pois bem diga o que acha.
– E direi. – Disse com vigor Alice. – pelo menos, eu acho o que digo — o que é a mesma coisa.
– NÃO É A MESMA COISA. – Gritou o chapeleiro assustando Alice. Se acalmando ele continuou. – Ou então dizer que eu gosto daquilo que tenho seria a mesma coisa que eu tenho aquilo que gosto.
 (Alice se vira novamente para o publico) – Quando começo a achar que as coisas farão algum sentido, elas ficam mais complicadas.

Todos na mesa ficam em silencio, quebrado por alguns momentos pelo chapeleiro ou a lebre de março que soltavam uma gargalhada.

– Então adivinhou a charada? – Perguntou o chapeleiro quebrando o silencio.
– Não. – Disse Alice indignada – Qual a solução?
O chapeleiro e a lebre de março se entreolharam.
– Eu não sei – Disse os dois caindo na gargalhada.
– Acho que você deveria gastar melhor o seu tempo, ao invés de ficar fazendo charadas que nem mesmo sabe a resposta. – Disse Alice nervosa.
– Se você conhecesse o Tempo tão bem quanto eu conheço, não trataria como uma coisa. - Disse o chapeleiro.
– Ele é uma pessoa. – Completou a lebre de março.
– Eu não sei o que você esta falando. – Disse Alice irritada se levantando da mesa.
– Claro que não. – Disse o chapeleiro se levantando tambem. – É bem provável que você nunca tenha falado com o tempo.
– Talvez não – disse Alice pensativa.
– Olhe bem, se tratar o tempo mal, ele não vai ficar marcando compasso para você, agora se você ficar numa boa com ele... – Interrompeu-se o chapeleiro sentando-se e tomando um pouco de chá.
– O que acontece? – Indagou Alice.
– Poderá fazer o que quiser com o tempo. – Respondeu os dois, soltando gargalhadas.

(as luzes se apagam, encerrado a cena)


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